quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

E houve um dia em que tudo que eu precisava era ter um pouco mais de amor...



Meu olhar era claro ao olhar no espelho. Meus olhos, que eu acreditava que eram negros, refletiam caramelo queimado. Foram meus olhos castanhos que mudaram minha visão do mundo. Nada era tão cético, nada era tão rígido, nada tão sombrio, como eu achava que era meu olhar.

Conseguia sentir toda a dor do mundo em mim. Minha própria tortura, meu inconsolável ser detestável e deprimente. Houve o tempo da sangria mas a grande parte da minha vida fui eu que criei cada gota de dor que senti. Me permiti durante muito tempo sofrer, sem culpa, sem motivo, sem razões do amor. E me permiti também sofrer com muitos motivos, com pretextos absurdos e de peito aberto com muito amor, cem razões do amor.

Hoje por um momento de inspiração tive a visão mais poética e deprimente desse momento da minha vida... a visão de um raio repleto de angústia atingindo meu ventre, espatifando-se por todas as minhas entranhas, e saindo pelos meus olhos em forma de lágrimas... eu preciso chorar para lembrar que eu tenho outros sentimentos além de culpa e de dor. Eu preciso chorar para cuidar melhor de mim. Eu preciso chorar para não permitir que alguém de fora do meu ser me machuque, me deixe triste e me deixe.

¨Se me fazes triste e depois, num momento de consolo, me dá conforto, o coração agüenta, porém se me fazes triste e depois se vai... vá-te... deixe-me em paz com minhas lágrimas!¨

Eu preciso de tempo. Tempo produtivo. O tempo do outro não é o meu tempo. O tempo do outro é no seu próprio tempo, não no meu. O outro não respeita meu tempo, o tempo não me respeita. Preciso aprender a viver com o tempo, o tempo não aprenderá nunca a viver comigo. Nem o outro. Com tempo ou sem tempo.

Tanta amargura... e meu corpo precisa de tão pouco para reviver.
Meu corpo parece sem pulsação esperando uma respiração boca a boca.

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